quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Ler acorda a gente

O filósofo Giorgio Agamben pensando o homem descreveu com outras palavras o que as religiões sempre ensinaram: o ser humano é formado por duas dimensões. Uma é o eu, o pessoal, a consciência; a outra "em nós, nos supera e excede, é uma zona de não conhecimento em nós mesmos que desde a antiguidade é chamada de genius".
Pode-se viver uma vida toda sem se conhecer este nosso outro lado, o ser desconhecido que nos habita.
"Viver com genius significa viver na intimidade de um ser estranho, manter-se constantemente vinculado a uma zona de não conhecimento".
O cronista Francisco Bosco, em O Globo, diz que Nelson Rodrigues definia a pessoa que vive sem buscar conhecer seu genius, que não teve o prazer de se admirar com o maravilhoso sujeito que está nele mesmo, como "uma besta que está prestes a cair de quatro".
E então, Bosco diz: "Ler nos dá instrumentos para admirar o mundo, para conhecê-lo de modo mais penetrante. As coisas não tem só o valor por si mesmas; é preciso enxergar nelas a beleza e profundidade".
Ler acorda a gente, abre nossos olhos para reparar, solta o genius que vive na gente.

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