domingo, 31 de maio de 2015

O problema não é sem perigos.

Você leu esta crônica na Folha de São Paulo de ontem? 
Nem podia ler, isto foi escrito em 1891, pelo papa Leão XIII

mas parece um comentário dum cronista de hoje. Leia, só: “A sede de inovações, que há muito tempo se apoderou das sociedades e as tem numa agitação febril, devia, tarde ou cedo, passar da política para a economia social. Efetivamente, os progressos incessantes da indústria, os novos caminhos em que entraram as artes, a alteração das relações entre os operários e os patrões, a influência da riqueza nas mãos dum pequeno número ao lado da indigência da multidão, a opinião mais bem formada que os operários têm hoje e a sua união mais organizada, tudo isto, sem falar da corrupção dos costumes, deu em resultado final um temível conflito”.
Jesus de Nazaré, que para muitos foi só um homem sábio, avisou que suas instruções seriam repetidas por todas gerações dali por diante e que sempre, fosse mil anos ou dois mil anos depois, sempre teria um representante seu atento ao que acontecia no mundo para chamar atenção dos homens e mostrar um caminho para a perpetuação da humanidade.
“Quem é, pois, o mordomo fiel e prudente, a quem o senhor confiará os seus irmãos para dar-lhes o sustento a seu tempo? Bem-aventurado aquele servo a quem seu senhor, quando vier, achar fazendo assim. Verdadeiramente, vos digo que lhe confiará todos os seus bens”.
Assim, o pastor atento escreveu a Encíclica Rerum Novarum, e disse: “É por isso, irmãos, que temos feito, para bem da Igreja e da salvação comum dos homens, Nossas Encíclicas sobre a soberania política e a liberdade humana, refutando, segundo Nos pareceu oportuno, as opiniões errôneas e falazes. A consciência do Nosso cargo Apostólico impõe-Nos como um dever tratar nesta Encíclica dos princípios duma solução, conforme a justiça e a equidade dos direitos e os deveres que devem ao mesmo tempo reger a riqueza e o proletariado, o capital e o trabalho. Por outro lado, o problema não é sem perigos, porque não poucas vezes homens turbulentos e astuciosos procuram lhe desvirtuar o sentido e aproveitam-no para excitar as multidões e fomentar desordens”.

O que ele nos avisou há 120 anos conto logo, logo.

terça-feira, 19 de maio de 2015

Uma lei que levou meninas à prostituição.

Você aprendeu isso, mas duvido que seu professor de História tenha analisado esta informação em sala de aula. Refiro-me a Lei do Ventre Livre, de 28/09/1878. (esta foto é meramente ilustrativa: menino brincando de ajudar a mãe a aprontar a cobertura do pavilhão na festa do Quilombo São José)

Estou lendo A Serra e o Santuário, sobre uma capela no alto de uma serra na cidade mineira de Caeté (p. 100): “O padre Domingos sentiu o choque social consequente àquela lei. Por isso, apressou-se em criar um asilo para órfãs ingênuas, que começou a funcionar em 25/08/1878, o Asilo de São Luís da Piedade. 

A instituição ganhou fama e prestígio como educandário de meninas, a tal ponto que fazendeiros da região demandavam o asilo para as próprias filhas. Ali aprendiam primeiras letras, fazer contas, prendas domésticas e formação religiosa”.

Os ingleses que traficaram mais de 3 milhões de escravos da África, proibiram o tráfego negreiro em 25/03/1807, mas o Brasil persistiu em comprar africanos por mais 80 anos. Para poder levantar empréstimos com os ingleses fomos fazendo leis que só protelavam a Abolição. A do Ventre Livre, por exemplo, foi nefasta. O fazendeiro, dependendo de seu temperamento e seu caráter, permitia que as crianças nascidas na senzala continuassem sendo amamentadas pelas mães que a levavam para o trabalho na roça. Mas logo que ficavam meninotes e mocinhas, “que só davam despesas”, eram expulsos da fazenda. As estradas eram o lar de meninos que se empregavam por um prato de comida e uma enxerga para dormir – a escravidão continuava -, mas as meninas tinham um destino pior, a prostituição e o abuso. Por isto a Igreja se apressou em criar educandários.

É tão bom quando os humanos se respeitam e fazem da cor da pele diferente um motivo de festa e alegria, como vi na festividade no Quilombo.     

terça-feira, 12 de maio de 2015

Vendo todas essas belezas...

O cristianismo tem 32 doutores, pensadores que a poder de muita reflexão deduziram, compreenderam verdades puras. Dentre esses, três são mulheres. Estou lendo o livro A História de uma Alma escrito por uma delas, a santa Terezinha de Jesus. 

Ela morreu aos 24 anos, quase metade passados dentro de um convento. Mas ali percebeu coisas profundas que registrou para nosso aprendizado (p. 44): “Em pé na portinhola do trem, quase não respirava. Queria estar, ao mesmo tempo, dos dois lados do vagão, pois ao virar-me via paisagens encantadoras e diferentes das que estavam na minha frente. Às vezes, estávamos no cume de uma montanha, a nossos pés, precipícios de profundidade inalcançável. De outra um charmoso e pequeno lugarejo com seus graciosos chalés e seu campanário, por cima do qual balançavam indolentes algumas nuvens resplandecentes de brancura. Mais longe, um vasto lago, dourado pelos últimos raios do sol, com ondas calmas e puras a mesclar o tom azulado do Céu aos fogos do crepúsculo, apresentava a nossos olhares maravilhados o mais poético espetáculo.
Vendo todas essas belezas, surgiam pensamentos muito profundos em minha alma. Tinha a
impressão de já estar compreendendo a grandeza de Deus e as maravilhas do Céu... A vida religiosa apresentava-se a mim tal como é, com suas submissões e seus pequenos sacrifícios feitos às ocultas. Compreendia como é fácil ensimesmar-se, esquecer a sublime finalidade da vocação. Não terei a infelicidade de apegar-me a palhas, agora que 'meu coração pressentiu o que Jesus reserva a quem o ama!'"


Sinto o mesmo quando ando de bicicleta por lugares lindos, altas serras. Penso em como é mal a gente ficar deprimido ou ansioso tendo esse belo mundo para viver.