quinta-feira, 21 de outubro de 2010

A demonstração de religiosidade de Dilma

Relembrar a história elucida razões escondidas hoje e antecipa possíveis acontecimentos. Por isto volto a Napoleão e o que dele comenta George Sand.
1804 - "Essa Concordata tão elogiada representa um dos mais fatais desvios da gloriosa carreira de Napoleão. Foi ela que, com toda naturalidade, preparou o despotismo hipócrita da Restauração. Foi um ato puramente político, pois o primeiro cônsul não acreditava em religião. Não pode haver maior profanação de algo respeitável do que impô-lo aos outros sem aceitá-lo pessoalmente. É o mesmo que fazer dele um joguete".
A França não ia bem. Bonaparte percebeu que a Razão não preencheu o lugar da Fé. Então, decidiu dar uma trégua na perseguição aos sacerdotes corruptos e delinqüentes e dar liberdade de culto aos católicos, mas o papa exigiu mais. Se o revolucionário pretendia o apoio da Igreja, ver Notre Dame e Sacre Coeur regorgitando de gente alegre e os padres cuidando das almas tinha de colocar por escrito que a Revolução não desprezava Deus ou o Catolicismo. Também exigia o direito de opinar politicamente. Assinaram a Concordata.
"Nem os legisladores, nem o exército e nem a burguesia queriam a religião sob a forma de instituição política. Todos os cidadãos inteligentes eram adeptos da filosofia de Rousseau e Voltaire que defendiam o princípio de que a fé devia se submeter a razão".
2010 - Durante a campanha pelo segundo turno da eleição presidencial Dilma Roussef é acusada de não ser cristã e defender o aborto, levanta-se uma grita geral. Lula e o partido temem que ela perca votos. A candidata inicia uma campanha de desmentidos discutindo em público opiniões de foro íntimo. E então, na segunda-feira, 11 de outubro, aparece ajoelhada em Aparecida. Napoleão fez a mesmíssima coisa em Notre Dame. Sand relata: "O pálio sob o qual foi recebido o cônsul tinha o aspecto de um dossel de cama de hospedaria enquanto o do cardeal era quatro vezes mais rico. No momento da elevação o cônsul se ajoelhou, mas nenhm dos quarenta generais por trás dele se mexeu, o que formou um engraçado contraste".
Napoleão, e talvez Dilma, guardou isto em seu coração. George Sand conclui: "É-nos lícito pensar que Bonaparte viu neste 'remendo papal' que sua usurpação da República seria aceita pelas velhas monarquias da Europa".
Será que a história se repetirá e se o PT continuar no poder vai querer se perpetuar nele?E vamos ter de engolir outra holigarquia por tempo indeterminado?

Um comentário:

Anônimo disse...

Meu amigo Adal.Quem começou a usar a religião na campanha política foi o serra e sua esposa monica, que por sinal disse que Dilma mata criancinhas, mais que fez aborto em troca de um Green Card para morar no EUA. Dilma é batizada, catequizada e é crismada, portanto não é atéia. O que surtou essa onda religiosa foi a má interpretação do PNDH3.Leia e veja se há algo contra a igreja ou contra seus princípios. Seus textos são primorosos, porem está faltando embasamento na sua retórica para ficarem perfeitos. Um grande abraço!