terça-feira, 26 de outubro de 2010

Bem-estar e felicidade, combinam-se com serenidade

O dia está uma pintura. Viajando de ônibus para Nova Iguaçu admiro a paisagem verde e azul dourada pelo Sol forte ao mesmo tempo que releio Brasil País do Futuro. Na já longínqua década de 1950 o escritor assim descrevia o brasileiro: "Em São Paulo, o operário, adaptado a uma organização européia e num clima mais favorável, produz exatamente o mesmo que qualquer outro doutra parte do mundo. Mas mesmo no Rio de Janeiro observei, centenas de vezes, pequenos sapateiros e alfaiates trabalharem até tarde da noite em suas acanhadas oficinas e deveras me admirei de como nas construções com um calor infernal, em que só o erguer o chapéu do chão já é um esforço, o difícil trabalho de carregar material continua sem interrupção em pleno sol. Não são, pois, absolutamente a capacidade, a boa vontade e a velocidade individuais que são inferiores. O que no conjunto falta é a sofreguidão européia ou norte-americana de por meio de esforço dobrado progredir na vida mais depressa; é, pois, antes certa falta de estímulo que mantém em nível baixo a dinâmica total. Os indivíduos aqui não querem muita coisa, não são sôfregos. Após o trabalho ou nas horas do trabalho, conversar um pouco, tomar café, é natural. Ter sua alegria na vida doméstica e no lar é para a maioria o suficiente. Todos os graus do bem-estar, da felicidade, combinam-se com essa calma e serenidade. Sucede freqüentemente, segundo ouvi de várias pessoas, que após o recebimento do salário, o trabalhador falta dois, três dias ao serviço. Cumpriu com diligência e presteza o seu serviço na semana anterior e ganhou o suficiente para, da maneira mais modesta, modestíssima, passar dois dias sem trabalhar. Para que então trabalhar esses dois dias? Rico não poderá ficar com esses poucos mil-réis; é, pois, preferível gozar calma e comodamente esses dois ou três dias. Talvez seja necessário termos visto a exuberância da natureza daqui para compreender isso. Ao passo que numa planície triste e sem encantos, o trabalho é a única maneira de evitar a depressão".
Infelizmente nós brasileiros já embarcamos nesta correria européia, até no futebol. Agora, os cientistas e ecologistas dizem que a humanidade, se quizer sobreviver, terá que aprender com o jeito brasileiro de ser, tranquilo, sem invejar quem tem muito e produzindo o necessário para viver. O planeta não aguentará a sofregidão dos humanos, o querer ter sempre mais e muito além do que precisa. Mais do que nunca ainda vale o que o mestre Jesus ensinou: O pão nosso de cada dia nos dai hoje.

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