sexta-feira, 30 de abril de 2010

Vivendo o presente


"Eu sou para sempre possuidor do presente; ele me acompanhará como sombra por toda a eternidade; por conseguinte é inútil que procure donde vem o presente e como acontece que existe precisamente neste instante."
Estas palavras foram escritas por Schopenhauer e envolvem um pensamento muito bom de se refletir. Leia o que ele diz mais sobre o EU.
"Antes de mais nada é preciso que nos convençamos de que a forma da vida ou da realidade, é o presente, e não o futuro, nem o passado. Ninguém vive no passado e ninguém vive no futuro; o presente, somente ele, é a forma exclusiva da vida, propriedade certa".
Tanto que os que cuidam da sanidade mental nos aconselham: não fique remoendo o teu passado nem se atormente com o teu futuro. Mas foi este filósofo que nos mostrou a razão. Eu e você somos, existimos agora, só neste momento. Exemplo: um dia desses, mexendo em velhos documentos vi a foto de um jovem sério numa ficha de apresentação para o exército; olhei-o bem, era eu, mas não sou eu de agora.
"O nosso próprio passado, ainda o mais próximo, o dia apenas transcorrido, não é mais que um sonho vácuo da imaginação, e nada mais que isto".
Então, me fizeram mal? De modo algum, se alguém traiu, maltratou ou deixou de dar amor não foi a mim, foi a uma pessoa que viveu no passado. Vivo aqui e agora e, racional e emocionalmente, não posso carregar o fardo de quem já passou. É difícil desvincular essas pessoas? Então veja o argumento de Schopenhauer:
"É preciso que se pergunte a si próprio, como sucede que ele, interrogador, tenha a graça de possuir tal presente tão precioso, tão fugitivo, o único real; e por que razão tantos sábios e heróis doutros tempos não podem viver esse momento histórico em que o EU insignificante, em realidade existe? - ou, em palavras mais breves e bizarras, deverá perguntar-se a si mesmo, por que esse presente, o seu, existe precisamente neste momento e não tenha já existido há muito tempo".
Refletindo, ele vai mais longe e nos faz ver o seguinte:
"Admita, há, a bem dizer, dois presentes, dos quais um pertence ao objeto e outro ao sujeito e maravilhe-se do afortunado acaso que os fez coincidir. Mas na realidade o que constitui o presente não é mais que um ponto de contato entre o objeto, de que o tempo é forma, e o sujeito".
Foi exatamente isto que o mestre Jesus nos ensinou, quando disse: "Por que se preocupar com o dia de amanhã, pois cada dia tem o seu próprio mal".
Vivo em cada, cada dia. E não faz muito tempo que aprendi isto.

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