quarta-feira, 14 de abril de 2010

Surfando nas palavras


Quando, há 6 mil anos, o ser humano percebeu que já estava guardando coisas demais no cérebro e precisava colocar esta memória em algum lugar, inventou a escrita. Ele olhava para a pequena tábua de barro e os sinais impressos ali se conectavam ao que estava em sua mente física. Desde então os sinais gráficos, as letras e os símbolos, para ser entendidos precisam se conectar com conhecimentos que estão na mente da gente.
Ferdinand de Saussure (1857-1913), linguista e filósofo francês fala deste encontro das imagens físicas e virtuais, assim (em espanhol):
“El acto de la comprensión supone una conciencia activa, una actitud como de sintonización con la actividad creadora, una respuesta psíquica adecuada. Este pensamiento, lector amigo, por su contenido unitario, y a ese contenido es al que el ojo de tu conciencia se va acomodando tácticamente a través del instrumental sintáctico y léxico, como el ojo de tu cuerpo se va acomodando a los objetos enfocados”.
Uma vez, lendo um livro passei por uma frase onde falava de uma tamarineira, então parei de chofre e pensei no velho pé de tamarindo ao lado da quadra de basquete em meu querido colégio São Gonçalo. Então refleti nas crianças que não tiveram uma tamarineira em suas vidas, ao passar deslizando por esta frase ela lhe diria menos do que disse a mim. É isto que atrapalha a leitura de um jovem que começa a surfar nas palavras, falta os símbolos corespondentes em sua mente. Tem remédio? Claro, é só continuar lendo e vivendo e,cada vez, as palavras nos dirão mais. Por isto é que depois de anos, ao abrir novamente um livro vemos (lemos) muitas coisas novas.

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