sábado, 24 de abril de 2010

Sou ou não sou bom?


Ainda Arthur Schopenhauer (1788-1960) e sua visão pessimista do mundo que nos envolve. No livro O Mundo como Vontade e Representação ele diz: "A única maneira verdadeiramente filosófica de considerar as coisas, a maneira que nos ensina a conhecer-lhes a essência e que nos conduz para além do fenômeno, é precisamente aquela que não se preocupa com saber donde vem o mundo, para onde vai ou porque existe, mas examina unicamente aquilo que é".
Para ele não existe um projeto nem um objetivo no mundo; aliás Deus lhe é desconhecido. Sua filosofia serviu de base para os biólogos materialistas e, o que ele chama "vontade", estes denominam "necessidade".
"A vontade, considerada puramente em si mesma, é inconsciente; é uma simples tendência, cega e irresistível, a qual encontramos tanto na natureza do reino inorgânico e do vegetal e nas suas leis, como também na parte vegetativa da nossa vida: mas se desenvolveu pelo uso, e adquiriu a consciência do seu querer e reconheceu que aquilo que quer não é outra coisa senão o mundo e a vida; dizemos, por isso, que o mundo visível é a sua imagem ou a sua objetividade; e o que a vontade quer é sempre a vida, pois que a vida é a representação, a manifestação da vontade".
Não sei se este entendimento leva à um desrespeito pela vida ou, pelo contrário, à sua honra:
"Sendo a vontade a coisa em si, a substância, é a essência do mundo; e a vida, o mundo visível, o fenômeno, não sendo mais do que o espelho da vontade, segue-se daí que a vida acompanhará a vontade com a mesma inseparabilidade com que a sombra acompanha o corpo: onde houver vontade, haverá também vida, mundo".
Nem a raça humana nem parte dela foi ou é escolhida, é como diz no pessimista livro de Eclesiastes (cap 3 vers 19): "No fim das contas, o mesmo que acontece com as pessoas acontece com os animais". Ele diz assim: "Nesta ordem de idéias, certamente o indivíduo recebe a vida como um dom oriundo do nada e quando despojado do seu dom pela morte, ao nada retoma". Simples assim.
Apesar do que dizia, que a filosofia não forma um bom caráter nem gera monstros, é bem possível que suas idéias tenham alimentado os planos nazistas e tornado menos bestial queimar pessoas em fornos crematórios. Afinal, por este pensamento, todos voltamos ao nada, de uma forma ou de outra.

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