quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Venerando a vida


Pensamos nos humanos antigos como ignorantes e esquecemos da sensibilidade que lhes permitiu sobreviver naqueles tempos arcaicos. No livro Atlantis os arqueólogos, personagens da aventura, encontram uma imagem cópia da deusa do neolítico que os paleontólogos chamam de Vênus de Willendorf. É uma mulher bem gorda, com uma enorme barriga de gravidez e seios fartos e volumosos, mas sem a face e os pés. O mais jovem comenta a falta de beleza e a doutora fala da simbologia.
"- Ela é um pouco diferente das donzelas graciosas que estão esculpidas na passagem lá atrás, - observou Costas com pesar.
- Não é para ela ser uma moça atraente. - o tom de voz de Katya era levemente reprovador. - Olhe como eles nem se deram ao trabalho de terminar os pés ou os braços, e a cabeça é apenas um espaço vazio. Tudo está deliberadamente exagerado para acentuar a fecundidade e a boa saúde. Ela pode não ser conforme ao ideal de beleza ocidental, mas para as pessoas que viviam com o medo constante da fome, uma mulher obesa simbolizava prosperidade e sobrevivência.
- Você ganhou, - sorriu Costas. - Que idade tem a dama?
- É de antes do Paleolítico, - replicou Jack imediatamente. - Todas as figuras de Vênus se situam entre quarenta mil e dez mil antes de Cristo, dentro da mesma faixa das pinturas que estão no salão dos ancestrais.
- Costumava-se pensar nelas como sendo a deusa-mãe".
Aquelas pessoas não adoravam uma mulher em especial, como os religiosos de agora, eles reverenciavam a capacidade humana de gerar novos seres e manter viva uma linhagem, uma história, um povo. Bom seria se conseguíssemos ter a sensibilidade deles, este respeito pela vida.

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