terça-feira, 3 de agosto de 2010

Fruto de uma Mentalidade


No filme Matrix o herói vive sua realidade tranquilamente até que descobre estar vivendo como um títere, um paumandado de um outro mundo muito mais complicado. Quer dizer, somos cidadãos programados a viver uma realidade que é mero fruto de uma "mentalidade". É o que estou lendo sobre o nobre espanhol Inácio de Loyola.
"A matriz do pensamento jesuítico é a obra Exercícios Espirituais, escrita pelo principal arauto da Companhia de Jesus, o nobre Dom Iñígo de Oñez Y Loyola, ou Inácio de Loyola, como é mais conhecido o primeiro Padre Geral da Ordem dos Jesuítas. No âmago da obra está o espírito de efervescência religiosa daquela época, na qual o autor almejava regrar a vida do fiel cristão, para que este se sentisse e vivesse como parte integrante da Igreja. Tanto a vida quanto a obra de Loyola são produtos e exemplos de um momento crucial da evolução histórica da Espanha, caracterizado sobretudo pela efervescência religiosa. Um momento no qual os espanhóis consideravam-se a si mesmos como católicos sem igual no mundo, os únicos em que se realizava a plenitude da fé cristã".
Este estado de espírito ou "mentalidade" transtorna a maneira de se compreender o que realmente está se passando a nossa volta. Ficamos como parte da boiada que o susto de uma rês faz disparar todo o rebanho. Faz lembrar a época da copa do mundo de 1970 - a melhor seleção de futebol que tivemos - e do hino: noventa milhões em ação/ pra frente Brasil do meu coração. Nós brasileiros estávamos tão entretidos com o oba-oba de obras faraônicas que não percebíamos o absurdo de um povo que ama a liberdade estar submisso a uma ditadura que torturava e censurava as informações. É um perigo o que uma "mentalidade" faz.
Assim estava a Espanha no final do século 15. "Inácio nasceu em 1491 e viveu, na sua infância, momentos decisivos do catoliscismo espanhol: a descoberta da América, a expulsão dos mouros de Granada, a promulgação da lei que obrigava todos os judeus e os mouros a optarem entre tornarem-se cristãos ou abandonarem o país. Tudo isso mexia com a cabeça dos espanhóis. A vida do menino Loyola era dividida entre a repressão oriunda do terror provocado pelo Tribunal da Inquisição espanhola e a ânsia de liberdade expressa no sonho de explorar outros mares, pois um irmão acompanhou os primeiros navegantes do Novo Mundo e lá morreu e outros foram aventureiros e soldados. O menino herdara a tradição de uma intensa lealdade à fé católica".
Um conjunto de fatores moldando as cabeças é bom ou mal? Com certeza causa injustiças que no conjunto de um povo parece cumprir um destino, uma missão histórica, mas para um indivíduo, as más ações significam um atrazo em sua elevação espiritual.
Então, fique "ligado", não siga a boiada. Como diz a música Disparada, de Geraldo Vandré: "Na boiada ja fui boi/ mas um dia me montei".

Nenhum comentário: