sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Falando para as paredes


Você conhece aquele tipo de pessoa que fala e fala e quando chega tua vez de dizer alguma coisa ele não está nem ai para o que dizes. É como aquele jogador de futebol que quando pega a bola esquece a equipe e tenta driblar o time adversário sozinho e fazer o gol. Em uma conferência em 1928, Carl Jung explicou a maneira de sentir desta pessoa: "Em um jogo onde a bola é pega não por outras pessoas mas por si mesmo, pode haver um elemento de auto-isolamento ou auto-erotismo, um jogo auto-erótico, jogado solitariamente, não em conjunto. Algumas pessoas 'falam para as paredes' e não para seus companheiros: tais faladores são mais ou menos auto-eróticos, eles falam para si mesmos mesmo quando estão em comunidade".
Mas além de egoista esta pessoa também sofre de um problema, ela se acha inferior, não joga ou escuta os outros porque não se acha digno delas. "Assumindo que é o errado e que os outros fazem parte de famílias felizes e normais e pensando que o mundo é todo constituido de amáveis famílias em amáveis casinhas, com chás das cinco e pequenos e doces bebês eles se prejudicam. Eu, como analista sei que há as mais terríveis coisas debaixo de tudo, e por isto tenho que me preocupar com essas pessoas que acham os outros superiores a ela".
Não se tem como saber porque mesmo os bons amigos não têm o hábito de contar um ao outro seus sonhos, mas o problema desta pessoa de quem gosto vai aparecer nele. "Parte do sonho prepara ele para o fato de que está entrando em um problema coletivo e a solução será algo igualmente impessoal: algo como uma comunhão, uma iniciação, um mistério desempenhado na igreja, um tipo de jogo ritual".
Não se abrindo com os amigos ele está tentando, sem se dar conta, a sublimação de suas dificuldades. Agora veja onde chega o mestre Jung ao falar das reais razões que levam a pessoa a se isolar. "Mas uma sublimação nunca responde ao problema real, urgente. Ele não age como uma criança, se não vinha e admitia que está aborrecido com sua estimada esposa em casa. Para ser uma criança significa que ele precisa reconhecer sua sombra, o homem inferior que existe nele e não vive em condições racionais, uma espécie de ser primitivo que é mais consciente das necessidades da natureza e que o forçará a admitir seu aborrecimento. Então, ganhando conhecimento de sua sombra, ele poderia admitir seu ser natural e trocar um aperto de mãos com ele, e não mais negar a verdade sobre sua própria psicologia. Desde que ele não pode escapar à sua sombra, tornar-se-a consciente do lado menos elegante de si mesmo. Então a sombra será desconectada de sua anima, porque à medida em que ele se torna consciente de sua sombra, ela é libertada de seu inconsciente. E quando a sombra e a anima tiverem um relacionamento próprio, há uma chance de que sua relação com sua esposa se torne melhor, que ele possa ter uma relação individual com ela e ser mais aberto com os amigos. Pois ele só pode estabelecer um relacionamento real quando estiver consciente de sua sombra".
Veja o quê um problema com a patroa (ou com o marido) causa a pessoa! De novo o Senhor Jesus já tinha avisado: "Se vocês não se tornarem como uma criança não herdarão o reino dos céus", e digo mais, nem se relacionará direito com os amigos. Não vai ouvir bem e vai ficar 'falando para as paredes'.
"Perai, não acaba não, o que é este anima que o cara falou aí à trás?"
Isto eu explico depois.

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