sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Consegue manter um comportamento ético?

Ah, como nossa convivência com o pai é marcante!
(mais uma pintura linda de meu amigo carioca Ney Tecídio)

O livro Quando Nietzsche Chorou, fala sobre esse assunto (p. 297):
“- Talvez os julgamentos de meu pai me oprimissem mais do que eu percebia. Mas na maior
parte do tempo, sinto muita falta dele.
- Sente falta de quê?
Breuer evocou a figura de seu pai e contemplou as lembranças que desfilaram ante seus olhos. O velho homem, provando a sopa de batatas. O sorriso dele sentado na igreja.
Sua recusa em deixar o filho voltar atrás de um lance no xadrez: "Josef, não posso
me permitir ensinar-lhe maus hábitos." Sua profunda voz de barítono, que
preenchia a casa.
- Acima de tudo, acho que sinto falta de sua atenção. Ele sempre foi minha principal plateia. Eu não deixava de lhe contar meus sucessos. Mesmo depois de morrer imagino-o espiando por cima de meus ombros, observando e aprovando minhas realizações. Quanto mais sua imagem se desvanece, mais luto contra o sentimento de que meus sucessos não têm significado real.
- Está dizendo, Josef, que se seus sucessos só possuiriam significado se fossem registrados na mente de seu pai?
- Sei que é irracional. Parece muito com o som de uma árvore que cai numa floresta. Aquilo que não observamos terá algum significado pra nós?
A pessoa que foi muito ligada ao pai jamais o esquece e diante de um decisão corrompida, pensa: o que velho acharia disso? Mas e aquele que nunca teve um pai atento as suas realizações? Consegue manter um comportamento ético? 

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