sábado, 9 de janeiro de 2010

Dependente pelo amor


Ainda estou lendo o livro de 640 páginas, O Linguado. Ele fala do amor entre o homem e a mulher; tem assunto mais importante neste nosso planeta? Entretanto, um bom escritor consegue buscar visões novas sobre este tema. Veja como o amor pode ser usado.
“Desenvolveu-se a teoria do amor como meio para derrubar o domínio feminino. Estabeleceria uma medida à qual ninguém estaria à altura. Nutriria uma permanente insatisfação que não conseguiríamos satisfazer. Inventaria para si uma língua de suspiros, embelezaria colorindo”.
Será possível que conscientes ou não os homens tramem sua libertação usando como ferramenta o amor?
“Era preciso erigir o amor como uma superestrutura que tornasse o casamento um evento prático que garantisse a propriedade. O casamento sob este amor ideal produziria segurança; enquanto que ao amor romântico só se podia seguir sofrimento”.
Mas como fazer as mulheres concordarem com um amor que só ajunta o casal para um efeito pecuniário? A trama segue os seguintes passos:
“Só quando se puder (1) sugerir às mulheres o amor como poder libertador e a (2) certeza de serem amadas como a felicidade suprema e depois (3) os homens se negarem firmemente a amar do mesmo modo ou a garantirem a duração de um caso, mesmo quando são amados, amados até a idolatria, logo, quando conseguirmos (4) criar a dependência da mulher da certeza nunca assegurada de que a amamos, ainda a amamos, amamo-la exclusivamente, e então (5) a dúvida de que não mais a amamos se transformar em eterna angústia, em sentimento de inferioridade, em tormento e servidão opressiva, então finalmente o domínio da mulher sobre o homem terá caído”.
Parece tão cruel, mas pense um pouco: não estou manobrando as coisas para que minha mulher fique presa a mim?
Agora veja, diz-se que toda esta trama é feita por nós homens “para podermos ter a certeza da paternidade de nossa ninhada conjugal”.

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