sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Mediocridade


Já notou quantos casais juntos muitos anos se separam? No livro Diário de um Homem Traído, Pierre Drieu la Rochelle, conta a versão das mulheres. "Ela refletira longa e gravemente. Não estava violentamente ressentida com ele; ainda conservava alguma satisfação de vê-lo diariamente. Não se espantou que assim fosse pois sempre se conhecera tenaz e flexível. Ela via, porém que, em seu interior, desenhava-se uma divisão muito nítida e definitiva; pensou que podia adaptar-se muito bem a esta divisão. A velha separação entre o corpo e alma que começa com a mediocridade; a fraqueza da maioria dos homens, que seu marido não quisera dominar para o bem deles dois".
Uma manhã, conversando com o psiquiatra Adilson Costa, em sua clínica em meio a velhas mangueiras, ele me disse que "a maioria das famílias levam a vida despreocupadamente sem perceber que assim estão ajuntando formidáveis problemas". Ele sabia bem do que falava perdendo incontáveis noites de sono para socorrer famílias esgarçadas a ponto de a mediocridade de sua maneira de vida conduzir um dos membros a morte. Quando Faustão brinca dizendo, "minha senhora, este seu marido deitado neste sofá ainda de pijama", ele está lembrando que esta maneira fácil e medíocre de viver está prejudicando o desenvolvimento espiritual de alguém e, com isto está amontoando uma dívida que lhe exigirá mais esforço. Como dizia Vinícius de Moraes, "são demais os perigos desta vida" para se andar despreocupado.

Então, quando encontrar um amigo (a) e ele disser,"me separei", lembre do que uma vida descompromissada faz.

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