quinta-feira, 29 de novembro de 2007


"Consegui Roubar um Milhão!", Disse o Safado

Quando olhamos para o próprio umbigo deixamos de ver um monte de coisas, nossa vida curta, por exemplo. Estou falando isso porque li no Diário do Vale a manchete Sonegação Fiscal Gerou Rombo de R$1 bilhão: “Verificamos que o patrimônio dos fiscais não é compatível às suas rendas”, disse o procurador-geral da Justiça do Estado do Rio de Janeiro.
Um dia desses, andando de bike por uma estrada de Barra do Pirai vi dois cachorros atacando alguma coisa. Cheguei perto e vi um ouriço acuado e já sangrando no focinho, a parte de seu corpo não protegida pelas cerdas espinhentas. Espantei os cães e assisti o bicho subir a ribanceira íngreme torcendo para ele não cair. Ele sumiu lá no alto, no meio do mato. É um bicho estranho, gorducho, atarracado, coberto de um pelo duro e afiado que vai da cor marrom até a amarelada e com um focinho afilado e comprido. Pensei, vendo o bicho se escafeder, nas centenas de anos que a natureza levou para moldar esta espécie animal.
Agora veja, nós humanos vivemos menos que um centena de anos e mesmo nesse pouco tempo passamos por tantas mudanças na vida, tanto físicas quanto emocionais, tecnológicas e filosóficas. As coisas têm acontecido muito depressa. Já andei em estribo de bonde e pulei com ele andando, hoje vejo jatos para mil passageiros cruzando o céu. Escutei com o coração na mão as aventuras de Jerônimo e Moleque Saci no rádio capelinha lá de casa e hoje vejo minha neta conversando com 20 pessoas ao mesmo tempo no programa de computador Orkut.
Então, como é que um empresário pode imaginar que precisa salvar seu capital pagando a um fiscal ao invés de se submeter ao julgamento do Estado? Pagou uma vez e vai ter que pagar de novo. E como é que pode um fiscal, muito bem remunerado pelo mesmo Estado, trair o seu empregador e o povo para construir uma mansão, comprar um carrão e uma lancha e viver “a tripa forra” sem se importar com as pessoas pobres e uma geração de jovens a que o Estado não consegue pagar uma educação que lhes dê a chance de ter uma vida mais digna?
Mas não perco a esperança não. Acredito numa Justiça Divina, nas leis da natureza que selecionam os melhores em cada espécie sem levar em conta suas propriedades e na curta vida humana que não deixa impune nossos maus feitos.
Em outro artigo neste dia 29/11/2007 li que 37% de 3.010 adolescentes entrevistados pelo Ibope – na faixa de 13 a 19 anos – apontaram a corrupção como a maior vergonha do Brasil. Droga, quando é que vamos voltar a dar mais valor a um nome respeitado do que a uma riqueza que tenta encobrir um nome que enoja a todo mundo?

Um comentário:

Unknown disse...

Caramba...
é a pura verdade!
Trabalhamos para pagar impostos, dar as coisas para os filhos, ter lazer e tudo poderia ser bem mais fácil.
Já pensou não pagar plano de saúde?? Não pagar escola particular??
Quantos impostos pagamos??
Quantos aos fiscais? É o meio que faz o bandido ou se nasce bandido?
beijos,

Marcia Morelli