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sábado, 18 de julho de 2009

Suspendi minha assinatura do jornal.


Suspendi minha assinatura do jornal. Gostava de ler os articulistas, Arnaldo Jabour, Ancelmo Góes, Miriam Leitão e Arnaldo Bloch, mas depois de meses não se tem mais o que aprender com eles. Dizem que a existência ficou tão corrida que mesmo um cronista que escreve profissionalmente e é pago para pensar e nos mostrar uma visão original e própria da vida não tem mais tempo de refletir, então ficou tudo igual, uma pausterização que parece ser pensada para nos fazer burros e nos controlar. A propósito disto o filósofo Adorno tirou uma idéia nova de um trecho da Odisséia, de Homero, aquele em que o navio de Ulisses passa pelas sereias. Dizia a lenda: quem ouve o canto delas se desvia de seu objetivo e se perde. Assim, o intrépido capitão para não perder nenhum de seus marinheiros ordena que todos tapem bem os ouvidos com cera e se empenhem nos remos sem olhar para os lados, enquanto ele mesmo manda ser amarrado ao mastro; Ulisses ouvia o mavioso canto mas não podia segui-lo. O filósofo vê nesta história da mitologia o controle sobre o que se ouve, lê ou vê, em nosso tempo. A massa, o homem comum, trabalhador, igual aos marinheiros da nau, é cada vez mais exigida no trabalho e cansada e sem tempo pouco pode pensar ou cuidar de seu desenvolvimento como pessoa. A minoria que cabe dirigir a sociedade, informar e ensinar, como Ulisses, fica amarrada a tantas obrigações que se torna controlada pelo sistema e não consegue nos apontar um caminho melhor para esta existência. Até tomam ciência de novas idéias, de uma visão inovadora, mas não podem aprofundar-se nela, desenvolvê-la e passar para aqueles sob sua influência. Assim vivemos cercados por pensamentos, no rádio e televisão, no cinema e jornais, nas músicas, nas igrejas e câmaras políticas que muito pouco ou nada nos diz que nos desvie desta corrida da manada em que nos metemos. Correndo e correndo sem saber para onde e porquê.
Agora, o tempo de leitura – que aumentei – gasto com livros. Aí vale a pena. Como diz Roberto Carlos, “são tantas emoções” quando se lê um livro!