A segunda porta que abre para a nave da igreja de Santa
Cecília, em Volta Redonda, com duas bandas, nos mostra duas datas, 1671 – 1741.
Perguntaram ao vigário, padre Flávio a que se referiam. Ele não soube dizer e
passou a pesquisa para o pesquisador José Adal. Procurando na internet ele
encontrou pistas.
Antes de tudo, porque essa segunda porta na igreja? Em um curso
para acólitos, diz: “Muitas igrejas, logo a seguir à porta da entrada, têm um
pequeno átrio, isto é, um espaço vazio. Isso quer dizer que quem vem de fora
não entra logo na igreja. Noutras, este átrio é antes da porta principal. Seja
duma maneira ou de outra, é bom que haja um espaço para que as pessoas, quando
chegam de casa ou quando saem da igreja possam, no caso de estar a chover ou de
fazer muito calor, falar aí umas com as outras. Quando o átrio é depois da
porta principal, existe um guarda-vento, que faz mais do que guardar o vento,
porque também guarda do frio, do barulho da rua, e evita que os cãezinhos que
acompanham os donos entrem na igreja, que não é lugar para eles. Quando a
igreja tem guarda-vento, é nele que está a porta ou as portas pelas quais se
entra diretamente na igreja.
Agora
vamos examinar a questão. É preciso dizer primeiro que nos vitrais deste guarda-vento aparecem imagens da igreja do Outeiro da Glória, no Rio de
Janeiro. O pesquisador começou procurando informações sobre a irmandade que
mandou construir a igreja centenária.
Encontrou esta referência numa obra do
historiador Bruno da Silva Antunes de Cerqueira, Outeiro da Glória - Brevíssima História: “A
única certeza, para todos os pesquisadores da história da IINSGO [Imperial Irmandade
de Nossa Senhora da Glória do Outeiro], é que em 1671 o multifacetário Antônio
de Caminha — carioca, segundo os registros de batizado disponibilizados no Colégio
Brasileiro de Genealogia, e confirmados pelo Livro de Batizados da Cúria Arquiepiscopal
de São Sebastião do Rio de Janeiro, mas tido e havido por português de Aveiro,
para diversas fontes —, proprietário e artífice no Rio de Janeiro setecentista,
esculpiu a primitiva imagem de Nossa Senhora da Glória para veneração na ermida,
como narra Rosa Maria Dias da Silva: ‘Escultor, santeiro e mestre de obras, o
ermitão, com seu próprio esforço, construiu mais tarde, em madeira e barro, uma
rústica capela dedicada à Virgem. Homem habilidoso, sem vaidade, andava
simplesmente com o hábito da Ordem Terceira de São Francisco. Era abastado e
possuidor de muitos terrenos (...).
Quanto a outra data o mesmo documento chega bem perto: “Os
romeiros e devotos da Senhora da Glória do Outeiro ganham forte impulso oficial
quando escrevem ao 4º Bispo do Rio de Janeiro, D. Frei Antônio de Guadalupe em 09
de julho de 1739, pedindo-lhe permissão para erigirem uma Irmandade que preste
culto digno e conforme a Nossa Senhora da Glória. Não deve se espantar o leitor
com essas informações. Os documentos coloniais são dessa forma. A irmandade já
existia, mas requeria-se ao novo bispo uma permissão oficial e toda especial para
que ela existisse, de pleno direito. E assim foi feito: a 10 de outubro de
1740, D. Frei Antônio de Guadalupe concede a licença eclesiástica e a 07 de
janeiro de 1740 aprova o Compromisso. A placa alusiva a essa gloriosa aurora
está na parte traseira de nossa igreja, como se vê na fotografia disposta no
livro”.
http://outeirodagloria.org.br/historia/historia-irmandade-cerqueira/
Porque a CSN comprou este lindo guarda-vento que ficaria mais de acordo lá, no Rio, no Outeiro da Glória, na bela igreja, não sei dizer, ainda.
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