
Mas o que todo mundo começou a sentir no fim do século 20 é que a exigência do Mercado de dispensar operários para reduzir custos e ganhar a competição, exigir experiência para contratar um empregado tornando difícil o ingresso dos jovens nas empresas colocando-os na marginalidade e estabelecer metas de produção sempre superiores insuflando o desperdício e o acúmulo de bens e tornando a vida dos empregados uma roda-viva, não estava sendo bom para ninguém.
Todo o problema do capitalismo dito “selvagem” é o lucro. Aquela diferença entre o custo de produção e a venda. Antes as empresas podiam ganhar o que quisessem desde que monopolizassem o Mercado, com a concorrência têm de cortar custos prejudicando pessoas, a quem deviam servir. Este lucro sempre mais generoso foi o responsável pela situação em que se encontra a sociedade em todos os países neste início do século 21. Querendo mais lucro emprestavam dinheiro a juro alto para quem quisesse comprar um imóvel. O preço da moradia foi só crescendo. Os bancos e seguradoras tinham em seus cofres hipotecas de casas que não valiam o que o papel indicava. Quando as famílias, pessoas comuns, não puderam pagar o preço exorbitante que o Mercado lhe cobrava os agentes financeiros viram seus papéis despencarem de valor. Olha, até os bancos que sempre prosperaram por ser sovinas e avaliar sempre por baixo o valor de um bem, seja meu o seu cometeram esta besteira! A ganância fez avaliarem por cem um imóvel que vale cinqüenta. Mas como a maior parte do dinheiro que está com eles é de cada um de nós estamos todos sendo penalizados de alguma maneira. Querer os "ovos de ouro matando a galinha" nunca deu certo.
Mas quem sabe, toda esta amarga lição para o bolso não seja a mola para a mudança de pensar da raça humana e a gente volte a exibir menos os bens, não desperdiçar tanta comida e combustíveis e assim ajudar o planeta a aguentar esta carga de “malas-sem-alça” que somos todos nós, os “filhos de Deus”, os “reis da criação” e o que mais inche o balão do nosso orgulho.